Não é segredo para ninguém que o primeiro obstáculo na carreira do médico é passar no vestibular. Depois, na universidade, suplanta o curso mais extenso que é o de medicina. São horas e horas de aulas e noites em claro na companhia dos livros. A partir daí, o cotidiano do profissional médico é preenchido por plantões, atendimentos de emergências, consultas, congressos, produção de material científico e muitos imprevistos.
Com uma rotina “puxada” e uma carga horária de trabalho extensa, o médico muitas vezes sacrifica sua vida pessoal em função da atividade profissional. Mais que vocação, a paixão pela profissão permeia a vida de muitos homens de branco.
Além de todos os compromissos de trabalho, o médico tem a necessidade de estar em constante atualização, participando de cursos, simpósios e demais eventos científicos.
Como lazer e tempo para descanso normalmente são raridades na vida de um médico, aqueles que possuem mais estabilidade e experiência, encontram, com o passar dos anos, uma maneira de aproveitar um pouco mais a família e a vida social. Mas é claro que isso só ocorre após muitos anos de vida profissional, quando o médico pode se dar ao luxo de reduzir a sua carga horária de trabalho, como, por exemplo, não fazer mais os plantões, ou não trabalhar nos finais de semana.
A família, aliás, é fundamental neste processo, pois precisa compreender e se adaptar a correria e atribulações inerentes ao exercício da profissão. Quando isso não ocorre, surgem conflitos que podem comprometer a estabilidade e a relação entre o lado profissional e o social familiar.
Em geral, o médico não tem tempo para ele mesmo. Tempo para as atividades físicas tão recomendadas por ele para seus pacientes. Às vezes, até mesmo o sagrado momento das refeições fica comprometido. Ora o tempo é curto, ou surgem imprevistos que interrompem a alimentação, e os lanches rápidos e improvisados são muitas vezes inevitáveis.
Assim é a vida de médico. O sacrifício constante da própria vida em nome de outras vidas e da evolução da ciência.
Afinal, o que podemos esperar de quem está constantemente procurando se aprimorar não só no campo técnico-científico, mas também na humanização do atendimento à população doente. Pois este profissional é treinado para promover o bem-estar daquele que o procura, e toda sua conduta é norteada pelos ensinamentos que recebe, visando o objetivo maior que é não medir esforços para oferecer o que há de melhor em termos de tratamento médico às pessoas.
Mas dentro daquele uniforme branco encontra-se uma pessoa. Uma pessoa como qualquer outra. Um ser humano que possui limitações, e suas angústias. Uma pessoa que não é infalível, que também tem seus anseios e uma vida para viver.
Vida de médico é difícil sim, e muitas vezes mal compreendida, mas a satisfação em cumprir tão abençoada missão transcende todas as coisas.